2.4.13


Olhos que espiam, olhos que escondem. Verde e Azul se encontram por uma fração de segundo e depois desviam. Olham pro livro procurando alivio, o cabelo cai sobre a vista e o coração quase sai pela garganta. Tudo parece ter mais cor, mais aroma de café porém nada interessa por tanto tempo, os olhos se voltam pra mesma direção, se pegam no ato, se encaram por um tempo que ninguém conta, desafiando. As bochechas queimam e então uma garçonete corta tudo quando vai atender a mesa, a coragem se esvai e só resta a timidez. Ele se levanta, paga conta e vai embora, a garota espera relutante olhando pro relógio de 5 em 5 segundos, se levanta, paga a conta e sai porta afora. Olhos que procuram o azul descobrem uma fumaça branca impaciente, verde e azul se reencontram, se desafiam, se seduzem e aquele embrulho no estomago aparece, verde esquece de respirar, azul esquece de tragar.
“ Quem é você?” ninguém pergunta e o barulho dos trovões dão lugar a pingos de chuva, um pingo cai na bochecha dela, outro no ombro dele e eles se apertam na pequena maquis em busca de abrigo. “E agora?” indaga o leitor impaciente e o dono do café. O cara apaga o cigarro e coloca as mãos no bolso enquanto a garota parece ter esquecido que estava usando saia e procura o bolso também, azul olha pro céu e verde olha pro chão. O ar em volta deles parecia suplicar para que as conversas que tinham na mente se tornassem palavras nas línguas afiadas e inquietas.
– Não para de chover, que frio – diz ela.
– Estacionei meu carro longe – murmurou ele.
E as palavras se perderam na chuva e no vento e ninguém cogitou voltar pra dentro do café. Azul notou  que as pernas da garota estavam cheias de pingos de chuva que desciam lentamente em direção ao chão, as pupilas dilatam e o azul se esconde. Verde observa perifericamente e nota, dá um meio sorriso e estremece de frio, de curiosidade. 
Então as gotas finalmente sessam mas nenhum dos dois se move. “Mas pelo menos o nome...” é de se esperar, ta certo. Não mata ninguém.
– V
– A
Cada um segue seu rumo e nem o destino sabe pra onde.

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