29.1.14

Juventude
se esvaindo pelos dedos
revelando a idade
a cada vez que sorrio
e pequenas marcas
se fazem presente dos lados de meus olhos
É uma guinada da montanha russa
e logo após um passeio de barco
a pouca preocupação
a pescaria
o sol se poe
e a cada dia
fico mais cansada
A euforia
dos dezenove
a plenitude dos vinte
a coroação dos vinte e um
meu estase
toma forma em palavras de escritores
em rimas rabiscadas
sobre folhas de caderno
e logo no canto das contas
então eu esqueço
da poesia
por que o verão  me deixa sonolenta
eu prefiro balançar numa rede
enquanto minhas mãos tateiam
a procura de palavras cruzadas
Há tanto o que temer
nessa calmaria que se aproxima
já fui tão jovem
não sou mais eu
no espelho
o reflexo de minha mãe
Percorrendo tudo isso
a experiencia me tomou
eu acompanho outros jovens
como quem assiste novela
o intervalo é a minha vida agora.




26.1.14

Eu simplesmente te quero
não querendo outra pessoa
Não querendo
esse querer
te querer
pois querendo
me sinto tão mais fraca
e isso eu nunca quis
Pensando que não quero
talvez queira um pouco menos
egoísta por inteiro
não me dou oportunidade
de querer suavemente
Eu te quero intensamente
agora
e depois,
deixo pra depois
já não sei se essa
vontade
querer
bem querer
mal me quer
Estou uma bagunça
vai demorar mais um tempinho
e até lá
tomara que você
não tenha vontade de nada
assim como eu.

24.1.14

Tão solitário
esses olhos perdidos
no crepúsculo
vidrados
numa realidade paralela
a minha
e tantos outros
sonhadores
que nunca se encontram
pois perdidos estão
num lugar onde
seus sentimentos descansam
É doloroso
te ver partir
vagarosamente
tento chamar
mas teus olhos
não se viram pra mim
o relampejo
daquele torpor suave
me alarda
pois te perdi
nas margens límpidas
do teu eu que desconheço
perdi de ti pra ti
caída de amores
por um espirito livre

23.1.14

Será que eu preciso
acordar neste calor
ao seu lado?
Enquanto os meus sentimentos
não despertarem
enquanto eu não resolver
sair pra comprar o jornal
será que eu posso
adormecer por 5 minutos
com o barulho das ondas?
Não sei
se decidi ser sua
ou ficar mais  10 minutos
me espreguiçando
Tirei férias de qualquer amor
apenas pra emergir
nas águas tranquilas
de minha mente transcendente
Mas porque será
que quero ver
o próximo por do sol
acompanhada?
Eu tenho medo
de minha juventude perdida
seguir as estrelas sozinha
por  mais de 10 minutos
(Não desapareça no por do sol, meu bem)


17.1.14

Entra pelo portão
sobe pela escada
abre a porta da frente
ouve a melodia
te guiar pela sala
sente o carpete
depois esfria teus pés
nos azulejos da cozinha
sente o cheiro do café recém feito
coça a barba
te escora no balcão
segue pro banheiro
lava teu rosto
limpa o espelho
mira essa tempestade
na forma destes olhos castanhos
joga essas tuas mechas pra trás
e volta pra sala
fuma um cigarro
e sente a respiração estabilizar
o coração acalmar
e vem te deitar
sobre meus lençóis
tenta não me acordar
mas teu cheiro já é o bastante
ouço o barulho da chuva lá fora
tua inquietação é conhecida
te abrigo entre minhas pernas
teu cabelo pende sobre meus olhos
são três e vinte sete
apenas mais uma lembrança
da minha juventude
Eu não consigo mais dormir.

Tenho saudades
das hipóteses
das minhas sextas feiras
minhas preces
posso dizer que
alguém atendeu
não tenho mais medo
das faltas
dos exageros
economizo
esqueço um pouquinho
desse pesar
nessas alturas
fico tão mais calma
só procurando
mais um pra roda
quando a gente
se enche de ternura
nem dá pra contar nos dedos
as estrelas do céu
são águas de janeiro
passando tranquilas
sobre minhas horas mais cheias

13.1.14

Nessa viagem monocromática
as dezoito e vinte
procurando um enquadramento
observo
tudo no mundo
voa
caminha
ou nada
e no que se difere de nós
somos apenas
animais acorrentados
sobre o jardim de Deus
desejando amor
procurando um lugar ao sol
nesse céu anuviado
compramos a liberdade
em prestações
sem perceber que
a corrente nos prende
a nós mesmos
os seres estáticos

12.1.14

Eu quero sentir o silêncio
soprar na brisa do campo
com meus pés
molhados sobre o orvalho
sem temer
aquilo que eu não posso ver
sentir é a única maneira
de conhecer verdadeiramente
a paz
Minha mente
embebedada da canção
que ecoa no ritmo dos meus passos
eu nunca senti
meus pulmões plenamente limpos
o cheiro da chuva sobre a terra
um céu tão cinzento
me inspirarem a continuar
a absorver o mundo lá fora
e escrever sobre algo
que não fosse o meu ego
Não vou atras de arco iris
eu fluo com o vento
andando
continuando

7.1.14

Meu bem me quer
mal me quer
será que me quer?
Eu posso despedaçar
muitas margaridas
enquanto tu não me dá
uma resposta
Será que meu bem
olha pra mim
apenas quando eu me distraio?
Mal me quer
só pra eu te querer mais
meu bem sabe o segredo
pra me fazer continuar
colhendo flores
pensando nele
Meu bem é tão mais eu
que nem eu sou ele
nada esclarece
esse querer por querer
somos tão culpados
tão mal informados
por que as flores não respondem
e por timidez
não nos falamos.

6.1.14

Vejo tua sombra
na parede branca da minha varanda 
não estou pronta 
mas nem por isso me apreço 
o coração batendo forte
não parece se acostumar
com a tua presença 
o gato quase me faz tropeçar 
continuo procurando minhas chaves
enquanto ouço passos 
sobre a grama do meu jardim 
Não tinha percebido 
mas como tinha saudades 
destas tardes 
acabei preparando café 
pra pelo menos 10 pessoas
eu sempre fico uma bagunça
perto de ti 
seu cabelo sempre parece despenteado 
perto de mim
Esqueci o ventilador ligado
a janela aberta
será que o gato foge?
Oh bem
a gente volta logo
esqueci a minha chave no seu bolso,
de propósito.

5.1.14

Sexto dia de Janeiro

Sai pela rua dos santos
esta manhã
despreocupada
abobada
depois de uma hora de sono
não sei se sonho
se vivo
ou deixo estar
Sento à beira das ondas
entrego minha sorte
só tenho uma muda de roupa
se molhar,deixa estar
Eu moro em castelos de areias
meu verão aquece o corpo
o mar me dá de comer
eu cato conchinhas por esporte
se for só um sonho,deixa estar
É tão pacífico
esse meu pedaço
não ouço nenhum outro ser
tentando ser
pois quando só se é
apenas permanece
a ordem natural
Meu canto é o melhor
quando anoitece
e as cigarras
os vaga-lumes
as ondas
cortam o silêncio
então contamos com atos
tenha certeza
se tu me acompanha
os últimos sopros do verão
nem parecerão tão melancólicos
por isso,se estou acordada
não me deixe dormir
Não sei
ainda confundo
a felicidade
como essa insonia